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Gerenciamento de Projetos: Talento ou Habilidade?

Ramiro Rodrigues

Quando meu filho era pequeno, ele era um grande entusiasta de jogadores de futebol de nível internacional e gostava de me questionar: “Um grande jogador de futebol nasceu com talento ou praticava mais do que os outros?”

Sendo o consultor nativo que sou, respondi-lhe com outra pergunta: “O que você acha?” A partir de então, fiquei surpreso com sua linha de pensamento sendo desenvolvida por meio dessa velha, porém complexa, questão.

Através de meus muitos anos de experiência em consultoria (e meu diploma de licenciatura), eu me aproximei de muitas pessoas que estavam interessadas em crescer em suas carreiras como profissionais de gerenciamento de projetos. Reconheço um sentimento de orgulho por ter colaborado de maneiras diferentes com muitas dessas histórias. Mas, como um observador externo, de vez em quando me pego fazendo a mesma pergunta bem fundamentada levantada durante aquela conversa com meu filho: “Um gerente de projetos pode alcançar a excelência por meio de treinamento e experiência, ou existem características inatas neste profissional?”

Talvez eu deva começar esta reflexão tentando identificar o que torna um gerente de projetos um profissional de sucesso. Como já foi dito por muitos outros, e ciente de que a lista leva em conta muitas características, vou me ater àquelas que mais gosto de ver no profissional:

  1. Como gosto de dizer, pensamento projetizado,” que é basicamente um modelo mental onde se considera os reais riscos e ramificações desses caminhos. É alguém que está sempre procurando ver o que se espera que aconteça a seguir – ele visualiza uma visão sequencial das atividades que considera os problemas inerentes ao caminho e serve como pontos de equilíbrio.
  2. Eu também gosto de enfatizar a capacidade de organização mental do profissional. Essa habilidade evita que os tópicos sejam esquecidos ou tenham sua importância calculada incorretamente.
  3. Habilidades interpessoais também são vitais – como bom senso, capacidade de negociação e polidez – além de outras técnicas, como comunicação e perícia técnica em propostas de projetos.
  4. Tudo isso – como se não bastasse – deve ser apoiado por uma forte habilidade para “ler” outros seres humanos, que nos permite entender minimamente o que está acontecendo com as partes interessadas e quais são seus reais interesses.

Provavelmente pensamos que temos algumas (ou todas) essas habilidades. Ao admitir carências, também é natural imaginar que essas habilidades possam ser desenvolvidas por meio de algum treinamento específico. Eu concordo com isso. No entanto, acredito que possamos reconhecer o quão raro (e desafiador) é identificar todas essas características em alto nível dentro de um mesmo profissional.

A verdade é que não existem ferramentas eficazes para identificar o quão excelentes realmente somos nessas habilidades. Provavelmente é por isso que é tão difícil escolher o profissional ideal para o trabalho. Isso não é bom nem ruim. Resumindo: não nascemos com um código binário que sempre nos permite ir além das expectativas e quebrar a visão simplista de que estávamos destinados a nos tornar o que seremos até o fim dos tempos.